A Teoria da Programação Fetal, também conhecida como Hipótese de Barker, ganhou destaque em 2013, após o falecimento do professor e epidemiologista David Barker.
Em seus estudos de epidemiologia humana ao longo de décadas, Barker investigou a ação de fatores adversos que podem atuar tanto na pré-concepção, quanto no desenvolvimento embrionário, fetal e pós-natal, aumentando a suscetibilidade para diversas doenças na idade adulta.
Barker descobriu que filhos de mães que sofreram restrições alimentares, por exemplo, poderiam apresentar crescimento inadequado e maior probabilidade de desenvolver determinadas doenças no futuro como distúrbios metabólicos e obesidade, além de doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência renal, doenças psiquiátricas e câncer.
Resumidamente, o que a teoria nos diz: que eventos ocorridos durante a gestação afetam o desenvolvimento fetal e, consequentemente, geram impactos para toda vida dos recém-nascidos. O risco para desenvolver algumas doenças é função não apenas da carga genética ou dos hábitos de vida do adulto, como também da atuação dos fatores ambientais em períodos críticos, como na vida fetal. Mães que sofreram com desnutrição, por exemplo, terão filhos com mudanças fisiológicas e metabólicas permanentes.
A Epigenética é o nome desta área da pesquisa científica que mostra como as influências ambientais afetam a forma de manifestação dos genes das crianças. Muitos pesquisadores se dedicam diariamente a avaliar os efeitos das variações nutricionais, infecções, fármacos, agentes tóxicos, poluentes, metabólitos e hormônios durante a gestação, infância e vida adulta.
Por isso, é primordial entendermos o impacto a longo prazo dos diversos fatores ambientais que ocorrem na vida intrauterina, inclusive nos estágios iniciais. Quando o cérebro do bebê está se desenvolvendo e ele é impactado por fatores ambientais, por exemplo, surgem adaptações epigenéticas, que por sua vez, influenciam como, quando e se os genes liberam suas instruções para a construção futura da saúde, das habilidades e da resiliência daquela nova vida que está se formando.
Mas, o que tudo isso tem a ver com o nosso dia a dia? O que podemos fazer para influenciar de forma positiva a vida dos nossos filhos?
Primeiramente, precisamos estar bem orientados. Serviços como assistência médica de alta qualidade para todas as mulheres grávidas, bebês e crianças pequenas, bem como o apoio aos novos pais e aos cuidadores podem – literalmente – afetar a química em torno dos genes das crianças.
As pesquisas demostram que os relacionamentos de apoio e as experiências favoráveis de aprendizado geram assinaturas epigenéticas positivas que ativam o potencial genético. Os cuidados começam antes mesmo da concepção e os resultados podem mudar a saúde futura daquela nova vida que está se formando.
Drª Andrea Betina Schmitt Palmieri, Especialista em Medicina Fetal: CRM 9820 e RQE 15841.
Fonte: https://www.nutsnutritionscience.com/single-post/2017/08/02/programacao-fetal